sábado, 10 de setembro de 2016
Arouca-Benfica (4.ª jornada) - 1.ª parte
Infelizmente o tempo não nos permitiu ter feito o acompanhamento do início do campeonato como queríamos, nem um balanço sobre as últimas movimentações de mercado. Além disso, tem havido uma forte caça às imagens, pelo que os trabalhos de análise estão especialmente difíceis. Ainda assim tentaremos, na medida do possível analisar os jogos começando por uma descrição dos eventos.
A primeira parte dividiu-se em 3 partes distintas:
- Até ao golo do Benfica (16 minutos) que sucedeu de forma algo fortuita e sem que nada de relevante se tivesse passado até aí;
- Do golo do Benfica até aos 31 minutos, em que o Benfica construiu 5 ocasiões de golo claras;
- Dos 31 minutos e até ao fim da primeira parte em que novamente o jogo diminuiu de ritmo e nada de muito relevante há a assinalar.
Arouca 4-3-3
Bracalli
Anderson Luís, Jubal. Nuno Coelho (cap.) e Hugo Basto
André Santos, Artur e Crivellaru
Zequinha, Marlon e Mateus
Benfica 4-4-2
Júlio César
Semedo, Lisandro, Jardel e Grimaldo
Fejsa, Horta, Salvio e Pizzi
Guedes e Rafa
O primeiro lance de perigo relativo aconteceu aos 5 minutos após um passe bombeado de Salvio que Rafa teve dificuldades em receber e com essas dificuldades deu tempo a Jubal, que no início da jogada estava bastante afastado de Nuno Coelho, recuperar e cortar para canto.
Neste início de jogo as equipas pressionavam alto e obrigavam a muitas bolas bombeadas para a frente, vários duelos aéreos e nenhum verdadeiro domínio de jogo. Aos 16 minutos Salvio recupera uma bola no círculo central, lança em profundidade, mas sem hipóteses de Semedo chegar à bola, só que Nuno Coelho tenta o corte, a bola ressalta em Semedo e como Bracalli tinha sentido para tentar receber a bola, esta dirigiu-se para a baliza deserta. A sorte bafejava o Benfica que sem saber se via a ganhar o jogo com uma oferta da defesa e guarda-redes do Arouca.
Na resposta ao golo, o Arouca devido a um mau posicionamento de Fejsa, ganhou um espaço no corredor central e conseguiu ganhar um canto. Do canto, Marlon ganha de cabeça na pequena área a Júlio César só que cabeceia mal por cima da baliza. A partir desta resposta, deu-se um vendaval de Benfica.
Com uma equipa muito móvel, com grande reacção à perda e com grande poder de recuperação de bola, destacando-se em especial Fejsa, o Benfica conseguiu criar 5 oportunidades de golo, aliás foram 6 mas duas são na mesma jogada.
Aos 19 minutos, grande passe de Horta na profundidade, Guedes ultrapassa Jubal e à saída de Bracalli entrega a bola a Rafa que falha o remate e desperdiça a primeira grande oportunidade criada pelo Benfica.
Aos 23 minutos, recuperação de Fejsa, passe vertical a solicitar o apoio frontal de Guedes que lhe devolveu a bola e novo passe de Fejsa para as costas de uma defesa muito adiantada do Arouca. O passe era para Guedes, mas Salvio foi mais rápido, conduziu para o corredor central até ser desarmado, tendo sobrado a bola para Guedes que tentou um remate colocado perante um Bracalli que ficou a ver a bola passar ao lado do poste. Pizzi esperava o passe solto na esquerda.
Aos 25 minutos, Lisandro ganha uma bola de cabeça na defesa, Guedes faz o mesmo na zona de ataque e Rafa passa por Jubal como se fosse de mota e isolado frente a Bracalli tenta o chapéu mas este faz uma grande defesa.
Aos 28 minutos, Horta recupera uma bola no meio-campo e entrega em Salvio no círculo central. Salvio conduz e com Guedes e Rafa a pedirem a bola no corredor central nas costas dos defesas, opta por passar à esquerda a Pizzi que entra na área descaído sobre a esquerda e com Rafa em posição privilegiada e Salvio a entrar no meio dos defesas, opta pelo remate para a defesa de Bracalli, gorando-se assim mais uma ocasião. Mas, no ressalto, Fejsa recupera a bola e faz uma tabela com Guedes que lança Fejsa no corredor direito e este em vez de cruzar como é habitual vermos, opta pelo passe atrasado e Rafa em posição privilegiada, em desequilíbrio remata para as nuvens falhando assim outra clara ocasião de golo.
No minuto seguinte e após o pontapé de baliza, Horta ganha uma bola no círculo central e com o primeiro toque lança Guedes na profundidade no lado direito. Com Semedo e Rafa a afundarem a defesa no corredor central e com a cobertura do Jubal, Guedes opta por cruzar e Pizzi completamente solto remata sem deixar cair a bola atirando ao lado. O Arouca estava completamente perdido em campo, vendo sucessivas vagas de ataques perigosos e em que só as más decisões e más execuções impediram a construção de um resultado muito volumoso na primeira parte.
Aos 31 minutos, mais um passe vertical de Lisandro a solicitar Salvio no corredor central, este a conduzir para a área e em vez de solicitar Rafa nas costas dos defesas, o que o deixaria isolado frente a Bracalli, opta por um remate que sai ao lado. A partir deste momento o Arouca começou aos poucos a ter mais posse de bola no meio-campo, quer defensivo, quer ofensivo e não mais permitiu a criação de jogadas de perigo ou ocasiões de golo.
Além de alguns livres mal marcados pelo Arouca, a única jogada relevante foi um bom entendimento entre Pizzi, Horta e Grimaldo no flanco esquerdo que acabou com o espanhol numa boa posição efectuar um mau cruzamento.
Nesta primeira parte, Fejsa esteve imperial, quer na recuperação de bola, quer nos passes verticais que fez rapidamente. Tanto ele como Lisandro conseguiram comer metros com a bola indo muitas vezes para os pés de Salvio que apareceu muitas vezes no corredor central. Se Salvio apareceu muito bem a dar linhas de passe dentro do bloco para os defesas e meio-campo na fase de criação, já as suas decisões foram geralmente do pior a que nos habituou: conduziu bem, mas escolheu quase sempre mal a forma de terminar a jogada. Em termos de decisões, conseguiu estar pior que Guedes e ao nível de Pizzi perto da área.
Pizzi é um jogador que cria sentimentos ambivalentes. Se por um lado, assegura a superioridade nas fases de construção e criação, quer por se mostrar entre-linhas, quer pelas linhas de passe que assegura constantemente aos portadores da bola, por outro continua a mostrar uma péssima capacidade de decisão sempre que está perto da área, preferindo sempre a tentativa de êxito individual à procura da melhor decisão para o colectivo.
Rafa falhou essencialmente nos aspectos técnicos. Tacticamente Rafa acrescenta uma riqueza impressionante ao ataque do Benfica mas somou más execuções técnicas quer na finalização, quer na recepção, perdendo bolas e ocasiões muito flagrantes. É provável que Rafa tenha que ser trabalhado ao nível da tranquilidade, pois tendo uma capacidade técnica assinalável, é incompreensível que tenha tantas falhas de execução.
Guedes foi uma surpresa. Claro que Guedes continua a ter falhas na decisão e na execução, mas a sua dinâmica, a busca da solução colectiva, o inesperado entendimento com Rafa quanto aos terrenos que cada um pisava e aos movimentos que cada um fazia, mostraram um Guedes muito prometedor.
Finalmente Horta. É inacreditável que ainda se discuta se o Benfica necessita de um 8. Os passes longos, a condução, a recuperação de bolas, o critério, as compensações que fazia à esquerda sempre que Pizzi ia criar desequilíbrios ao meio e à direita. É um jogador que apesar de ter tudo continua a ser vítima dos estereótipos ignorantes que assolam o futebol quanto à necessidade de "cabedal". Horta necessitará de ganhar resistência e se jogar permanentemente 90 minutos, perto do fim da época de certeza que a terá.
Na defesa o destaque vai para Lisandro que além de vários duelos aéreos ganhos, esteve muito bem nos passes verticais. Grimaldo também se exibiu a bom nível, sendo que Jardel pouco teve que jogar e Semedo alternou o bom com o menos bom. De Júlio César apenas há a referir a falha no canto que poderia ter custado o empate logo a seguir ao golo do Benfica, bem como uma insistência desnecessária em bater bolas longas.
Como referi, a falta de imagens não pode documentar as afirmações, mas para quem pensa que Salvio não esteve mal refiro os lances aos:
- 16 minutos - no lance do golo um mau passe que acaba por dar golo após um corte contra Semedo
- 21 minutos - perda de bola após condução e tentativa de drible
- 23 minutos - é desarmado por tentar um lance individual num contra-ataque
- 24 minutos - após uma recuperação e passe de Fejsa, opta por correr no corredor direito e cruza para as mãos de Bracalli, sem presença na área de jogadores do Benfica que pudessem acorrer ao cruzamento
- 26 minutos - após Grimaldo conduzir desde a área ao círculo central, recebe a bola e perda-a na condução
- 28 minutos - embora o passe para Pizzi tenha criado uma ocasião de golo, se o passe entra em Guedes ou Rafa estes ficariam isolados no corredor central ao contrário de Pizzi que estava descaído sobre a esquerda
- 31 minutos - remate disparatado quando podia isolar Rafa à entrada da área
- 34 minutos - recupera uma bola dando um cabrito num adversário e passa logo em Guedes (boa acção)
- 35 minutos - oferece uma cobertura a Semedo (boa acção)
Além destas acções, somou mais 5 lançamentos laterais que foram cortados pelo adversário sem que daí surgisse nada de interessante (apenas em 2 o Benfica recuperou a bola após o corte do adversário).
Rui Vitória está e em meu entender bem, a tentar mudar a forma de Salvio jogar, afastando-o do corredor lateral. O problema é que Salvio continua a mostrar um entendimento muito deficiente do jogo. Veremos a evolução do jogador, mas conduzir e depois decidir mal não é jogar bem, por muito que isso encante os olhos dos adeptos.
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