domingo, 24 de julho de 2016

Vitesse-Porto

Jogando contra um adversário de menor capacidade que o PSV, Nuno Espírito Santo optou por fazer alinhar os jogadores de campo que tinham terminado contra o PSV para distribuir mais minutos de jogo competitivo por diferentes jogadores. A estreia de Iker Casillas nesta temporada foi a nota de maior destaque.

Vitesse 4-4-2
Room
Leerdam (Yeini 84'), Kashia, Van der Werff e Ota (Van Bergen 80')
Nakamba, Vako, Baker e Rashica
Zhang e Foor (Kruiswijk 80')

Porto 4-3-3
Casillas
Varela (Maxi Pereira 71'), Chidozie, Diego Reyes e Miguel Layún (Alex Telles 71')
Rúben Neves (Herrera 71'), Josué (Bueno 45') André André (João Carlos Teixeira 71')  
Hernâni (André Silva 45')Aboubakar (Corona 71') e Brahimi (Otávio 71') 

1-0 Baker 17'; 1-1 Corona 79', 1-2 André Silva (penalty) 83'

Assumindo uma postura mais dominante, apenas nas bolas paradas pareceu este Porto capaz de verdadeiramente causar incómodos à defesa holandesa durante a primeira parte. Nesse aspecto particular destacou-se Chidozie, embora sejam evidentes as suas limitações técnicas na execução dos cabeceamentos. Para além destes lances, Chidozie destacou-se, mas negativamente, na forma como abordou os lances defensivos, com várias entradas mal calculadas que criaram desequilíbrios defensivos e até estiveram na base do golo dos holandeses.

Mas mal também esteve Casillas, embora a sorte o protegesse mais que ao jovem nigeriano, pois por duas vezes viu os postes salvarem más intervenções. Novamente se observou que as tentativas de recuperação de bola no meio-capo adversário, pressionando inclusivamente junto à área, embora possam ter retorno elevado, também comportam risco máximo, visto que a equipa fica demasiado comprida e abrem-se espaços para transições rápidas com futebol apoiado.

Mesmo em organização defensiva, continua a haver demasiado espaço entre a linha defensiva e a linha média, o que permite aos adversários receber as bolas e enquadrarem sem grandes problemas. A posição de Rúben Neves mais atrasada face ao outro médio que fecha ao meio, visto que o Porto defende em 4-4-2, ajuda a retirar algum espaço, pois pode aparecer em cobertura, mas como se viu contra o PSV, contra equipas que tirem bem a bola da zona de pressão, vão aparecer espaços significativos, muitas vezes no corredor central, devido à tentativa de sobrecarregar o lado da bola.

Outro aspecto que não nos parece muito interessante é a excessiva reacção ao portador da bola, em vez de se defenderem quer os espaços, quer eventuais linhas de passe. Estes são dois factores que contribuem para uma pressão menos eficaz e que contra equipas de nível elevado pode traduzir-se em grandes dissabores. Individualmente, Brahimi apareceu um pouco mais ligado ao jogo, Josué, criou grandes desequílibrios em dois lances, mas infelizmente parece não ter a cabeça no Porto. Rúben Neves assegura uma saída de bola muito interessante como médio defensivo e Aboubakar mostrou estar apostado em conquistar a titularidade como referência central do ataque portista.

Na segunda parte, com as entradas de Bueno e André Silva, o Porto começou a tomar conta do meio-campo e a criar mais ocasiões, apesar de uma deficiente saída de Casillas a um cruzamento ter dado a hipótese para o 2-0, que não se concretizou porque o remate do chinês Zhang acertou na barra. O maior dinamismo de Bueno e uma maior qualidade de André Silva deram outra dimensão ao jogo do Porto.

As substituições operadas aos 71 minutos em conjunto com a quebra física de um conjunto que ainda não tinha feito substituições permitiram ao Porto sufocar o Vitesse e começar a criar oportunidades pelo que o empate que se adivinhava chegou aos 79', quando num canto Chidozie aproveitou uma bola ao segundo poste e cruzou atrasado para Corona finalizar com um remate sem deixar a bola cair. O técnico holandês fez de imediato duas substituições mas o cariz do jogo já não se alterou e aos 82 minutos após uma jogada de insistência de Maxi Pereira, Van der Werff meteria mão à bola e o árbitro assinalou penalty, ao contrário de um lance no final da primeira parte. André Silva fez o golo da vitória e daí até ao fim apenas se registaria mais uma substituição no lado holandês.

O Porto ganhou bem um jogo que dominou durante grande parte do tempo aproveitando a debacle física do adversário. Ofensivamente, Otávio e Maxi Pereira dão grande dinâmica nas alas e João Carlos Pereira e Herrera mostram já um bom nível de entrosamento. Embora tenha marcado o penalty de forma imaculada, André Silva parece necessitar de mais confiança, pois nem sempre finaliza da forma que mais se adequa. O processo de maturação deste jovem avançado pode ser um factor negativo para o Porto se se colocar demasiado ênfase nos golos que marque ou deixe de marcar.

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