sábado, 9 de julho de 2016

Afinal, no final não ganha a Alemanha

Nas meias-finais do Euro, Portugal e França venceram por dois golos as selecções de Gales e Alemanha. Na quarta-feira, naquele que foi apontado pelo duelo entre Cristiano Ronaldo e Gareth Bale, Portugal superiorizou-se graças a golos de Ronaldo e Nani.

Com um futebol efectivo mas pouco atraente, Portugal conseguiu impedir Gales de estabelecer o seu jogo. Para isso muito contribuiu a ausência do melhor médio de Gales, Ramsey, pelo que Gales apenas se limitou às tentativas individuais de Gareth Bale que remate após remate, todos de fora da área, foi sendo parado por Rui Patrício.

Portugal marcou aos cinquenta minutos através de um canto para a cabeça de Ronaldo, que saltou muito acima do seu opositor e apenas três minutos depois, um mau remate de Ronaldo encontrou o desvio de Nani no meio da área depois da bola passar por baixo das pernas de Renato Sanches. Talvez por ter sido o foco das atenções, com duas nomeações para Man of the Match, o Renato Sanches fez uma exibição muito fraca. No meu entender houve dois motivos para isso:

 - A entrada de Danilo para o lugar de William Carvalho, levou a que a distribuição das bolas não fosse feita pelo trinco o que originou que o Ranto Sanches tivesse que pegar no jogo muito mais atrás, com mais adversários pela frente e com menos espaço.

 - Os galeses alertados para as exibições do Renato nos jogos anteriores, tentaram sempre cortar as linhas de passe e de progressão para evitar eventuais desequilíbrios. Sem hipóteses de progredir com a bola controlada, o Renato optou pelos passes, o que neste momento é um dos pontos que tem que melhorar significativamente.

Para a final, impõe-se a entrada de William Carvalho para dar maior capacidade de distribuição do jogo a partir dos centrais, o que garantirá mais ataques e menos perdas de bola no nosso meio-campo. A dúvida estará se sairá Danilo que ofensivamente pouco ou nada acrescenta à equipa, ou se sairá Renato Sanches que defensivamente também pouco ou nada oferece à equipa.

Ao contrário de Portugal, a França teve muita sorte no decorrer do jogo. Depois de uma entrada mais afoita, foi completamente dominada pela Alemanha na primeira parte até que no período de descontos, Schweinsteiger decidiu oferecer um penalty que mudou completamente o curso do jogo.

Na Alemanha, a falta de Gomez e Khedira causaram dois problemas a Joachim Löw:

- Em termos ofensivos, sem Gomez que sempre fez um bom trabalho como sendo uma referência para o jogo interior e que tinha a capacidade de "empurrar" a linha defensiva para trás, assegurando uma maior profundidade e mais espaço entre a linha defensiva e a linha média que permite a utilização do jogo entre-linhas, a Alemanha teve um jogo dominante, mas sem criar muitos desequilíbrios na estrutura defensiva francesa.

- A falta de Khedira obrigou à utilizaçã de Kroos nessa posição com Schweinteiger mais recuado. O problema é Kroos, não se sente à vontade para jogar dentro do bloco adversário de costas para a baliza e como tal, saía do bloco contrário para ter tempo para se virar e jogar de frente para a baliza francesa. Desta forma e com o menor espaço devido à ausência de Gomez, a Alemanha viveu quase sempre dos lançamentos de Boateng para os laterais Kimmich e Hector que assegurando a profundidade, depois sentiam muitas dificuldades para criar combinações a partir da ala, dependendo apenas da disponibilidade de Özil.

Na segunda parte o jogo ficou muito mais partido, por um lado porque a Alemanha, apesar de criar oportunidades flagrantes não se mostrava capaz de as concretizar, por outro porque a confiança que o golo deu à França, permitiu-lhes sair com maior acerto e criar mais desequilíbrios numa estrutura defensiva alemã que estava cada vez mais posicionada para a frente, tanto foi que chegámos a ver o guarda-redes Neuer, no meio-campo francês. A machadada final foi a lesão de Boateng, o defesa alemão com maior capacidade de passe longo.

Depois do erro de Schweinsteiger, um erro de Kimmich e uma má saída de Neuer concederam à França a oportunidade para fazer o 2-0 e matar o jogo. Lloris em grande estilo durante todo o jogo e o desacerto alemão, garantiram que a eliminatória estava decidida e no final, apesar de serem onze contra onze, não ganhou a Alemanha.

Para amanhã, temos um França-Portugal, duas equipas que sem praticar um futebol muito atractivo foram as mais eficazes e atingiram o objectivo de chegar à final. A história dá a vantagem à França que nos eliminou em duas meias-finais de Europeus (1984 e 2000) e numa meia-final de um Mundial (2006). Adicionalmente, durante a campanha de apuramento para o Euro, a França jogou e ganhou dois jogos a Portugal. Felizmente que não é a história a jogar.


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