terça-feira, 12 de julho de 2016

O onze do Europeu

Este será o último post dedicado ao Europeu. Terminou no Domingo, Portugal sagrou-se campeão europeu, mesmo que isso tenha causado muita azia a alguns comentadores estrangeiros e em especial aos franceses que chegaram ao ridículo de criar uma petição para a repetição do jogo final, como se no desporto e no futebol fosse possível repetir jogos cujo resultado não gostámos com um petição na internet. Se o ridículo matasse...

Para a UEFA Griezmann foi considerado o melhor jogador, depois de ter sido o melhor marcador do torneio. Renato Sanches ganhou o prémio para melhor jovem e Pepe, apesar de sentado por Gignac no lance em que a bola beijou o post nos descontos do tempo regulamentar, apesar da oferta a Payet que cruzou para Griezmann cabecear e obrigar Rui Patrício a uma grande defesa, apesar de ter sido ultrapassado por uma finta de Sissoko, que o tirou da frente e rematou para uma boa defesa de Rui Patrício, apesar disto tudo, Pepe foi considerado o melhor em campo na final.

A UEFA escolheu o seu onze do torneio, mas o que aqui vou deixar é o onze que para mim foi o melhor. É óbvio que cada pessoa vê o jogo de forma diferente e tem percepções distintas.

Guarda-Redes Buffon (Itália)
Defesas Kimmich (Alemanha), Boateng (Alemanha), Bonnuci (Itália) e Raphael (Portugal)
Médios Giacherini (Itália), Ramsey (Gales), Özil (Alemanha), Payet (França)
Avançados Griezmann (França) e Gomez (Alemanha)

Suplentes: Patrício (Portugal), Pepe (Portugal), Hummels (Alemanha), William Carvalho (Portugal), Bale (Gales), Ronaldo (Portugal) e Giroud (França)

Sim, o meu onze do torneio não inclui Rui Patrício, Pepe, Renato ou Ronaldo, pois as acções como capitão, quer dentro (a chamar Moutinho para marcar o penalty contra a Polónia), quer fora de campo (a dr indicações na linha lateral como se fosse adjunto de Fernando Santos) não se traduzem em jogar bem. Ronaldo foi decisivo como capitão e mesmo não levando Portugal às costas com os golos que é o que costuma fazer, levou Portugal às costas com a atitude que teve como capitão, motivando, dando indicações, unindo o grupo e transmitindo a vontade de ganhar a todos.

Como disse as escolhas são fruto quer das preferências, quer da percepção que cada um teve dos jogos. A diferença entre Patrício e Buffon não foi muito grande, mas globalmente pareceu-me que Buffon esteve melhor. As minhas escolhas dos defesas têm a ver não só com o trabalho defensivo, mas essencialmente com o que contribuíram os jogadores para o processo ofensivo das suas equipas. No meio-campo procurei essencialmente valorizar a criatividade e a capacidade de desequilíbrio. No ataque optei pelo avançado mais efectivo do torneio e por um ponta-de-lança que transformou o jogo da Alemanha e sem o qual esse jogo perdeu grande parte da sua dimensão ofensiva.

Muitos outros jogadores se destacaram num jogo ou noutro, mas a verdade é que os talentos croatas e polacos soçobraram perante o jogo português. A efectividade dos resultados traduziu-se na vitória final portuguesa. Ao contrário do que foi dito, a França nunca mostrou um grande futebol, muito pelo contrário foi sendo efectiva e na fase de grupos, apesar de não jogar bem, teve apenas mais sorte que Portugal ao ganhar jogos perto do fim que poderia ter empatado.

Em termos puramente estéticos e ao nível das propostas de jogo gostei das selecções da Alemanha, da Itália e da Espanha que se foram eliminando mutuamente. A França teve a sorte que na Alemanha os impedimentos de Gomez e Khedira obrigaram a um estilo de jogo diferente. Para além de um penalty desnecessário oferecido por Schweinsteiger e a lesão de Boateng durante o jogo, o conjunto de factores favoráveis que  França dispôs, juntamente com uma exibição segura no jogo imediatamente anterior contra a Islândia, mas exibição essa que em relação à exibição de Portugal contra essa mesma Islândia apenas divergiu na capacidade concretizadora, criou-se a ideia errada que a França jogava muito. Apesar dos condicionamentos, a primeira parte do França-Alemanha foi de um domínio avassalador dos teutónicos e o resultado ao intervalo pouco reflectia o que se passou em campo.

Com isto quero dizer que discutir merecimentos em futebol é fútil e leva a discussões estéreis. Ao fim e ao cabo, o que interessa são os resultados. É certo que quem jogar bem estará mais próximo de ganhar, quem jogar bonito atrairá mais os espectadores, mas os resultados decidem-se por vezes em detalhes e em momentos de sorte e numa prova como o Europeu, ou um Mundial, ou mesmo uma Liga dos Campeões, nem sempre o estar mais perto de ganhar significa ter sucesso. Por isso, querer tirar o mérito aos portugueses apenas reflecte a incapacidade em aceitar resultados e mau-desportivismo.

Durante os próximos quatro anos, Portugal será o campeão europeu de futebol, por mais azia que isso tenha causado a quem não gosta/gostou da nossa selecção. Nas imortais palavras de Maradona: "Que la chupen y la sigan chupando".

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