domingo, 10 de julho de 2016

As finais não são para se jogar, são para se ganhar

Este é o mote que Fernando Santos proclamou. Tem alguma razão. A nível sénior, Portugal apenas jogou uma final e perdeu-a, no Estádio da Luz em 2004. Dessa equipa resta Cristiano Ronaldo, que tem a hipótese de passados doze anos, corrigir o desempenho e atingir a glória. Uma vitória cimentará as suas possibilidades de ganhar a quarta Bola de Ouro da FIFA.

Pessoalmente, não gosto da discussão de quem é o melhor do mundo, pois é difícil perceber quais os parâmetros que definem a decisão. A questão que fica quase sempre é: este prémio pretende evidenciar quem teve o melhor desempenho num determinado ano de calendário, ou quem efectivamente é o melhor jogador nesse ano de calendário? Sim, porque apesar de um jogador ser o melhor, não quer dizer que tenha tido o melhor desempenho. A partir daqui poderíamos questionar quais são os parâmetros para avaliar o que é ser o melhor e o que é ter o melhor desempenho.

Tão ridícula quanto a discussão de quem é o melhor do mundo, algo que depende mais das percepções individuais do que de parâmetros objectivos, é que um jogador só é bom em determinadas condições. Há dois mitos urbanos muito recorrentes: Messi só é bom no Barcelona e Jonas só joga bem contra equipas pequenas. Se o tempo o permitir, mais adiante desmontaremos estes mitos, mas num dia em que se joga a final do campeonato europeu de futebol, não é um assunto muito relevante.

Assim sendo, vou limitar-me a fazer a previsão do onze que vai actuar na selecção portuguesa e explicar qual seria o onze que eu escolheria. Não quero com isto dizer que sou melhor ou mais inteligente que  seleccionador nacional, ou que sequer conheço as dinâmicas de grupo que existem e que por vezes obrigam a escolher jogadores que podem não ser os que tacticamente desempenhariam melhor a tarefa, pois gerir uma equipa, implica gerir as emoções dum grupo e tentar que esse grupo tenha o melhor desempenho possível.

A minha previsão é que Fernando Santos escolha os seguintes jogadores em 4-4-2 clássico:

Patrício
Cédric, Pepe, Fonte, Raphael
William, Adrien, Renato, João Mário
Nani, Ronaldo

Relativamente a este 11 tenho 2 dúvidas, se Pepe terá boa condição física, o que a não acontecer implicaria a entrada de Bruno Alves e se o Fernando Santos vai privilegiar o que ele considera segurança defensiva e nesse caso entraria o Danilo e sairia o Renato.

Pessoalmente o meu onze seria diferente e assumindo que todos os jogadores se encontram em condições físicas suficientes para serem titulares em 4-4-2 losango:

Patrício
Cédric, Pepe, Carvalho, Raphael
William, Renato, João Mário, Rafa
Nani, Ronaldo

Se bem que goste mais de Vieirinha do que de Cédric, penso que o último está mais confiante e como tal justifica-se a sua titularidade. A opção por Ricardo Carvalho tem a ver com a leitura de jogo, que é superior a qualquer um dos outros três centrais. A saída de Adrien e a entrada de Rafa visa dar uma maior capacidade de desequilíbrio ofensivo, criando problemas à defensiva francesa que não esperam encontrar.

E a segurança defensiva que Adrien dá? Sinceramente, não acredito que Adrien possa travar as movimentações de Griezmann ou Payet, que são os jogadores que verdadeiramente desequilibram ofensivamente e sim, concedo que as capacidades defensivas de Renato são muito diminutas, pois tem que evoluir na capacidade de saber jogar sem bola. A opção pelo losango implicaria que exigiria quer ao Renato, quer ao Rafa muito trabalho defensivo quando a selecção não tivesse a bola e ambos os jogadores mostram limitações nesse campo, mas seria uma selecção com maior capacidade ofensiva e de associação, não se limitando aos habituais ataques com 2, 3 ou 4 homens no máximo.

Independentemente das tácticas, o mais importante é ganhar. Ganhar não pelo que a Federação tem feito de bom no desenvolvimento do futebol em Portugal, que na verdade, pouco ou nada tem feito. Ganhar pelos jogadores, pelo trabalho que os clubes fazem todos os dias, pelos portugueses que vêem no futebol um escape para vidas sem grandes perspectivas, pelos emigrantes que poderão caminhar de peito feito sem mais uma vez serem olhados de cima para baixo, pelos que não sendo portugueses, sentem esta vitória como sendo sua, sejam eles angolanos, brasileiros, cabo-verdeanos, guineenses, moçambicanos, são-tomenses, timorenses ou de qualquer outra nacionalidade mas cujos afectos estão com Portugal e os portugueses.

Contra os franceses, marcar, marcar.

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