quinta-feira, 21 de julho de 2016

Sheffield Wednesday-Benfica

Ao terceiro jogo perante o público, a equipa de Rui Vitória somou a primeira derrota. Perante um adversário teoricamente mais fraco mas mais adiantado na preparação, a equipa benfiquista começou por assumir o favoritismo teórico. No entanto, ainda durante a primeira parte a equipa de Carlos Carvalhal inverteu o sentido do jogo tendo chegado à vantagem antes do intervalo. Na segunda parte, o Sheffield Wednesday defendeu-se competentemente e o resultado já não se alterou.

Sheffield Wednesday
Wildsmith
Hunt, Lees, Hutchinson e Palmer
Wallace (Vermije 63'), Lee (Filipe Melo 76'), Bannan e Marco Matias (Semedo 72')
Lucas João (Helan 83') e Forestieri 22' (Nuhiu 63')

Benfica
Paulo Lopes
Nélson Semedo (André Almeida 45'), Luisão (Lisandro Lopez 63'), Jardel e Grimaldo (Carcela 82')
Fejsa (Samaris 63'), André Horta (Celis 45') (Zivkovic 82') (Jovic 89'), Salvio (Pizzi 45'), Cervi (Carrillo 45')
Benítez (Gonçalo Guedes 45') e Rui Fonte (Mitroglou 45')

1-0 Forestieri aos 22 minutos após trabalho individual em que tirou Luisão da frente

Os primeiros minutos pareceram o jogo disputado contra o Vitória de Setúbal com o Benfica a assumir o jogo mas sem criar qualquer perigo efectivo. A dupla Benitez-Fonte é muito esforçada mas não se mostra capaz de criar perigo sempre que a dificuldade aumenta um pouco. Não tem ajudado as fracas exibições de Salvio que continua a mostrar-se muito pesado, sem explosividade, sem capacidade de desequilíbrio e sem confiança. Salvio esteve em destaque frente ao Derby County, mas a verdade é que semre que o adversário era mais exigente, salvio apagou-se no individualismo e nas perdas de bola.

Defensivamente, os primeiros testes que o Sheffield fez foi através de bolas longas para as costas de Grimaldo aproveitando quer o adiantamento deste no terreno, quer uma linha defensiva muito insegura que por não estar alinhada contribuía para a criação de espaços nas costas dos laterais. No entanto, Grimaldo deu sempre uma boa resposta na transição defensiva e conseguiu sempre, com maior ou menor dificuldade, resolver os problemas. Perante este cenário, o Sheffield optou por variar o flanco e começou a meter bolas longas entre Semedo e Luisão.

E foi nesta zona que o Sheffield encontrou o seu pote de ouro. Depois de uma primeira tentativa sem resultado, devido ao remate ter sido defendido por Paulo Lopes, à segunda vez, Forrestieri soube tirar Luisão da sua frente e marcar sem dificuldades. Este golo contribuiu para um momento de desnorte de Luisão que teve uma perda de bola em zona comprometedora e teve que fazer uma falta punida com amarelo aos 27 minutos, que num jogo oficial seria vermelho. Progressivamente o Benfica foi readquirindo o domínio do jogo, mas sem criar situações de perigo.

A dupla Luisão-Jardel mostrou falta de entendimento na subida e descida da última linha o que numa primeira fase criou áreas em que as bolas podiam entrar atrás dos laterais e numa segunda fase para evitar esta situação implicou a baixa do bloco para um bloco médio-baixo ao contrário do apresentado até aqui. Grimaldo voltou a impressionar com os seus movimentos ofensivos, quer por fora oferecendo largura, quer por dentro na procura de combinações interiores, mostrando ser um dos atletas mais em destaque até agora.

Horta fez um ogo fraco, como fez Fejsa ou Celis quando ocuparam a posição 8. Não sei se há uma mudança táctica em termos das funções da posição 8, em que o médio apenas circula a bola por fora tentando acelerar a mudança de flanco, se a responsabilidade é dos avançados e dos extremos que não procuram receber dentro do bloco adversário. Cervi, Salvio, Benitez e Guedes não têm o perfil para fazer esse tipo de jogo, ao invés de Pizzi, Carrillo ou Mitroglou. Fonte tem esse perfil, mas mostra muitas vezes algumas dificuldades em libertar-se dos defesas e dar bom seguimento ao jogo.

Com a entrada na segunda parte de três elementos com esse perfil, mas com a saída de André Horta e a entrada de Cellis para o lado de Fejsa, deixou de haver nestes dois elementos quem tenha o perfil para fazer isso, colocar passes verticais dentro do bloco, ou conduzir, atrair, fixar e soltar. Claramente Cellis não tem o perfil para jogar na posição 8, a menos que aprenda muito, muito rapidamente. A posterior entrada de Samaris veio alterar esta situação, mas Samaris tem um menor acerto no passe e portanto várias bolas perdem-se devido a más execuções técnicas.

Pizzi, Carrillo e Mitroglou jogam um jogo, mas Guedes joga outro completamente diferente, lembrando o tipo de jogo de Salvio, pouco associativo e muito centrado na sua capacidade de desequilibrar através da rapidez com que ganha a linha e cruza para trás, ou que ganha espaço para rematar. Cervi embora procure um jogo mais associativo que Guedes ou Salvio, joga de uma forma demasiada caótica percorrendo todos os lugares e não estando às vezes onde é necessário para que funcione com apoio. Com bola promete, mas sem bola tem muito que aprender.

Zivkovic entrou perto do fim, mas rapidamente se lesionou, pelo que não é possível ter grande opinião sobre o mesmo, dando a ideia que é o mais atrasado na corrida à titularidade. Carcela, fruto do excesso de concorrência, teve que entrar para a lateral-esquerda, mas também jogou demasiado pouco para se formar uma opinião. Se Zivkovic dá a ideia de estar atrasado, Carcela dá a sensação de nem contar para Rui Vitória como uma opção para as alas.

Este jogo trouxe novos problemas a nível defensivo devido à descoordenação da linha, mas manteve os problemas detectados em organização ofensiva que se verificaram contra o Vitória de Setúbal. Muita circulação por fora, muito jogo nas alas, o jogo interior muito impreciso devido a más execuções técnicas. Há muito trabalho pela frente para Rui Vitória, mas à semelhança do Sporting, não existe qualquer motivo de preocupação neste momento. A situação que parece ser mais urgente de resolver é a questão da forma de jogar do número 8. André Horta tem o perfil para fazer essa função, mas no plantel, poucos mais elementos parecem poder fazê-lo.  Uma eventual lesão e o Benfica poderá ver-se  perante um desafio bastante complicado.

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